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PRINCIPAIS APRENDIZADOS

Principais aprendizados: Coleções

A sensação é de que todo mundo está nas redes sociais. Essa percepção influencia decisões desde o processo de comunicação de empresas privadas que dedicam uma parcela cada vez maior de seus investimentos à publicidade nas redes até a definição da agenda da sociedade civil e do Estado. 33% da população brasileira não está nas redes sociais*. 

Desde 2017 a investigação independente 'Todo Mundo Quem?' estuda o comportamento dos brasileiros que estão fora das redes sociais. Em sua primeira fase, de pesquisa qualitativa, os pesquisadores Filipe Techera e Luiza Futuro passaram por Belém, Salvador, Cuiabá, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre conversando com pessoas entre entre 14 e 65 anos, de todas as classes sociais, sobre a sua relação com informação, comunicação, relação e motivações para não acessar ou aderir as redes sociais. As redes sociais que foram consideradas nesta etapa para mapear os não usuários foram: WhatsApp, Instagram, Facebook e Twitter.


Há, ainda que nas capitais e em suas regiões metropolitanas, questões estruturais que impossibilitam o acesso de uma grande parcela da população às redes e, muitas vezes, à internet.  Essas barreiras estão ligadas à má distribuição de renda, à ineficiência do sistema educacional, ao analfabetismo digital e à precarização na qualidade dos serviços prestados pelas operadoras de telecomunicações. 

* Fonte: Digital 2019 Brazil - We are Social/Hootsuit

Ainda falta muito para que o acesso à internet no Brasil atinja o patamar de direito humano como reconhecido pela ONU desde 2011.


A investigação encontrou um perfil, ainda emergente, que trouxe mais novidades sobre o comportamento de estar fora das redes. Denominou-se de Nativos Sociais, o grupo de pessoas que não possui nenhuma barreira para acessar as redes, mas que escolhe não fazer parte das mesmas. Em sua maioria ex-usuários, os Nativos Sociais são jovens, informados, que compram e acessam múltiplos serviços na internet. Ou seja, não são refratários às tecnologias e tão pouco eremitas do tecido social. A partir de más experiências dentro das plataformas sociais, desenvolveram motivações para deixar de participar.


As pessoas que tomam essa decisão priorizam criar e arquitetar sua rede de relações sem os parâmetros das ferramentas digitais.


Nas conversas com os Nativos Sociais apareciam vivências onde a falta do "olho no olho”, das nuances de tom de voz e expressão corporal causaram ruídos na comunicação. Também eram constantes as reclamações sobre a necessidade de estar sempre disponível e da urgência causadas por mensagens e notificações. 


Além disso, é possível notar que existe um sentimento de cansaço devido a alta energia e dispêndio de tempo necessários para a manutenção dos perfis nas redes sociais.


De uma forma mais ampla, os Nativos Sociais estão preocupados com a construção de suas relações, mais precisamente com a qualidade de suas relações interpessoais. Nesse sentido, os Nativos Sociais valorizam a presença concreta, mas é interessante notar que não se trata apenas de estar presente fisicamente, mas do mais puro estado de atenção. É nesse estágio de conexão que criam intimidade e vínculo emocional e, por isso, optam por construir suas relações mais artesanalmente.


A busca por um contato mais humanizado, por uma outra noção de tempo e urgência e pela elevação dos níveis de atenção e sinceridade nas relações são pontos de conexão na diversidade de argumentos apresentados pelos Nativos Sociais. Eles percebem as facilidades proporcionadas pela interação nas redes nos campos da comunicação e da informação. Ainda assim, decidem enfrentar os obstáculos criados pela subversão dessa nova norma dos relacionamentos apostando na criação de intimidade para a construção de conexões mais profundas. Conexões essas que propiciam um ambiente próspero para a conversa, a troca e a negociação. Essa abertura torna seu discurso muito mais empático e menos polarizado, mesmo em questões mais agudas como política e religião.


Com a trajetória do estudo entendeu-se que muitos dos usuários de redes sociais também compartilham das motivações que levam os Nativos Sociais para fora das redes. Muitos buscam mais consciência para utilizar essas ferramentas porque se sentem perdendo muito tempo nas timelines, ficando mais ansiosos pela hiper disponibilidade e pela falsa urgência gerada pelas notificações, assustados ou revoltados com as covardias praticadas por disseminadores de discursos de ódio e até mesmo por já terem vivido estremecimentos de relações próximas.


A evasão das redes sociais, principalmente do Facebook, é um movimento que já acontece nos Estados Unidos e na Inglaterra, onde esse movimento já ganhou até um nome: Logged Off Generation. Por isso, entende-se esse perfil como uma contra-tendência ao uso exacerbado das redes.

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PRINCIPAIS APRENDIZADOS

Principais aprendizados: Coleções

A investigação também divulgou os resultados da fase quantitativa da pesquisa. Conduzida pelo instituto de pesquisa Gfk,  a segunda etapa do estudo contou com 11.887 entrevistas, com pessoas de 16-79 anos das classes A, B, C e DE nas 15 principais regiões metropolitanas do país. Sendo elas, São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador, Belém, Recife, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Florianópolis, Campinas, Vitória, Goiânia e Manaus.


Abaixo alguns dos aprendizados da pesquisa quantitativa:


-  32,3% dos entrevistados afirmam não ter acesso à internet em sua residência;


  • 53,5% dos não usuários de redes sociais entrevistados afirmam não ter acesso à internet em sua residência;


É interessante destacar como a maioria dos não usuários está na classe C e não na classe DE e tem menos de 45 anos. Esses dados quebram alguns estereótipos e preconceitos que criamos sobre a falta de acesso tanto em relação a redes sociais como a internet no Brasil. Além disso demonstra o potencial de crescimento que essas ferramentas ainda tem pela frente.


-  16% dos não usuários de redes sociais entrevistados são da classe AB;

    52% dos não usuários de redes sociais entrevistados são da classe C;

    32% dos não usuários de redes sociais entrevistados são da classe DE;


  • 39,2% dos não usuários de redes sociais entrevistados tem menos de 45 anos;


  • 48,5% dos donos de casa entrevistados afirmam não ser usuários de redes sociais.



Além do perfil dos não usuários de redes, essa fase do projeto também tem dados sobre o processo de informação dos entrevistados:

 - 52,5% dos não usuários de redes sociais entrevistados afirmam usar o rádio como fonte de informação;



 - 79,5% dos entrevistados declaram assistir televisão diariamente;

   80,3% dos não usuários de redes sociais entrevistados declaram assistir televisão diariamente.



Os dados apontam que os processos de comunicação e informação tem o potencial de serem mais amplos e efetivos se construídos a partir de uma lógica de rizoma.

É evidente que as redes sociais são um universo gigante e poderoso e de crescimento exponencial. Porém, no caso do Brasil, é importante reconhecermos o grande número de pessoas que não participam dessas plataformas e nas reflexões daqueles que questionam sua forma e uso.


Como nação temos a urgência de encarar a presente diversidade tecnológica, seus impactos e o desafio de construir um sistema de comunicação e acesso a tecnologia que propicie estabelecermos uma conversa entre os 209 milhões de brasileiros, o real todo mundo do nosso país.

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